A filosofia contemporânea, nas suas
linhas mais fundamentais e características, só pode ser adequadamente
compreendida em relação com a obra de Hegel. Com efeito, a filosofia
contemporânea constitui em grande media uma reação contra o sistema hegeliano, ao
mesmo tempo em que retoma poucas das suas análises e interrogações.
A mais notável e radical reação contra
o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado
originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano
(idealista) do método dialético. Aceitando e transformando este último, a
filosofia marxista "inverte" o sistema de Hegel, propondo uma visão
dialética-materialista da consciência, da sociedade e da história.
Outra reação contra o hegelianismo -
reação estreitamente vinculada à situação econômica, social e intelectual
resultante da revolução industrial - é representada pelo positivismo,
especialmente o de Augusto Comte. Neste caso, reage-se contra o
"racionalismo" hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da
experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de
fundamentar uma organização político-social nova. Como Marx, Comte conserva, no
entanto, embora transformando-o, em um momento importante do hegelianismo: a
idéia de "espírito objetivo".
• ROMANTISMO – EXALTAÇÃO DO INDIVÍDUO, DA EMOÇÃO E DA NATUREZA.
O romantismo foi um movimento cultural
que se iniciou no final do século XVIII e predominou durante a primeira metade
do século XIX, envolvendo a arte e a filosofia.
De modo geral, o romantismo reagiu
contra o espírito racionalista, que pretendia abraçar o mundo e orientar a
sociedade. Captou precocemente que a racionalização e a mecanização
caracterizariam o mundo industrial, e intuiu a ameaça que esse processo
representava para a expressão humana, tendo em vista que os sentimentos
individuais estariam sendo relegados ao segundo plano.
• ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
Exaltação as paixões e sentimentos
valorosos. Era a afirmação do amor contra a frieza da racionalidade.
Valorização da sensibilidade e a
subjetividade. O sujeito era o centro da visão romântica do mundo.
O romantismo retomou a idéia de
natureza como força vital que resiste à racionalização tecnológica.
O desenvolvimento do nacionalismo, o
amor pela pátria, a valorização das tradições nacionais e o anseio de liberdade
individual.
• O
POSITIVISMO DE COMTE
A Sociologia é a
ciência da sociedade. Vem de societas (sociedade)
e logos (estudo,
ciência). É a ciência que estuda as estruturas sociais e as leis de seu
desenvolvimento. Implica na análise do "fato social". O fato
social são todas as formas de associações e as maneiras de agir, sentir e
pensar, padronizadas e socialmente sancionadas.
Auguste Comte (1798-1857) criou, em 1839, o vocábulo
"Sociologia". Seu objetivo era emprestar ao conhecimento da sociedade
um caráter "positivo", desviando-o das concepções teológicas e
metafísicas. Utiliza os métodos das ciências naturais e constrói comparativamente
os fundamentos da Sociologia. Estabelece, assim, as leis invariáveis para a
sociedade, da mesma forma que a física ou química. Mostra o que é a
sociedade (ciência) e não o que deve ser (filosofia).
• A LEI
DOS TRÊS ESTADOS
Teológico: o estado
onde Deus está presente em tudo, as coisas acontecem por causa da vontade dele.
As coisas sem explicação são explicadas pura e simplismente por Deus. Esse
estado tem outras três divisões:
- Animismo: as coisas da natureza tem sua própria “animação”, acontecem
porque desejam isto, não por fatores externos, têm vida própria.
- Politeísmo: os desejos dos deuses são colocados em objetos,
animais ou coisas.
- Moneísmo: os desejos do Deus (único), são expostos em coisas,
acontecimentos.
Metafísico: no qual a
ignorância da realidade e a descrença num Deus todo poderoso levam a crer em
relações misteriosas entre as coisas, nos espíritos, como exemplo. O pensamento
abstrato é substituído pela vontade pessoal.
Positivo: a
humanidade busca respostas científicas todas as coisas. Este estado ficou
conhecido como Positivismo. A busca pelo conhecimento absoluto, esclarecimento
sobre a natureza e seus fatos. É o resultado da soma dos dois estágios
anteriores.
O positivismo teve
fortes influências no Brasil, tendo como sua representação máxima, o emprego da
frase positivista “Ordem e Progresso”,
extraída da fórmula máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem
por base, o progresso por fim", em plena bandeira brasileira. A frase
tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a
perfeita orientação ética da vida social.
• O MATERIALISMO DIALÉTICO E HISTÓRICO
Materialismo - Em filosofia, é a concepção de mundo
onde a matéria é o motor do universo e a idéia sua conseqüência. Materialismo
histórico -
doutrina do marxismo, que afirma que o modo de produção da vida material
condiciona o conjunto de todos os processos da vida social, política e
espiritual.
O materialismo histórico pode ser resumido da seguinte forma: numa
sociedade escravagista, os escravos rebelando-se contra os senhores,
convertê-la-ia em sociedade feudalista; no Feudalismo, os vassalos
insurgindo-se contra os senhores feudais, torná-la-ia uma sociedade
capitalista; no Capitalismo, os proletariados lutando contra os empresários,
tranformá-la-ia em sociedade comunista. O Comunismo seria uma sociedade
igualitária onde não haveria a exploração do homem pelo homem.
O comunismo, para Marx, seria a sociedade perfeita, a síntese
final do processo de evolução dialética dos povos. Mesmo imbuído de boas
intenções cometeu vários equívocos: não previram a divisão da propriedade
corrigindo acumulação das riquezas, as novas tecnologias que aumentam a
produtividade da mão de obra e a força sindical que melhora os salários. Em termos
práticos, o comunismo foi implantado na Rússia e China, países
pré-capitalistas: fato histórico que nega a suplantação do capitalismo.
• EXISTENCIALISMO
Existencialismo - Aplica-se esse nome às idéias
filosóficas de Heidegger, Kierkegaard, Sartre e outros. Caracteriza-se pela
negação do abstracionismo racional de Hegel. Para Kierkegaard, por exemplo, um
sistema lógico de idéias não alcança a existência, o individual. Faz abstração
deste, tem por objetivo as essências, os possíveis, e não o existente, o
indivíduo, que não se explica não se deduz, nem se demonstra.
A base do existencialismo está na discussão do possível. Para
Sartre: "A existência precede a essência". É a tese da
impossibilidade do possível. Ele retoma a fórmula de Lequier: "Fazer e, ao
faze, fazer-se". É a expressão metafísica da crença na liberdade absoluta
segundo a qual o ser vivo e pensante faz a si mesmo tanto quanto lhe permitem
certas determinações já tomadas. Além do exposto, Abbagnano acrescenta o grupo
da necessidade do possível e o grupo da possibilidade do possível.
• APOLÍNEO E
DIONÍSIACO
Nietzsche usava os termos "espírito apolíneo e
dionisíaco" para se referir a natureza humana. Na antiguidade, a
racionalidade, a lógica, o pensamento questionador (representados por Apolom deus
do Sol, clareza, artes e nobreza) existiam no homem em equilíbrio com o
impulso, a natureza primitiva e os instintos naturais (representados pelo deus
do vinho Dionísio, senhor das festas, do prazer e do exagero). Mas com a
criação da filosofia na antiguidade, o pensamento lógico foi tido como mais
importante e desde então o homem está em desequilíbrio, pois ciência, sociedade
e religião baseiam-se no espírito apolíneo e condenam a individualidade do
espírito dionisíaco. Esse desequilíbrio estaria, segundo Nietzsche, levando a
sociedade ocidental à decadência.
Quanto ao vitalismo de Nietzsche, representa uma reação não
apenas contra Hegel, mas contra toda a tradição intelectualista-religiosa que
se opôs à vida e aos valores vitais, desde que se verificou a aliança do
platonismo com o cristianismo. Mesmo quando as correntes filosóficas que
mencionamos remetem direta ou indiretamente para Hegel, seria errado deduzir
dele, por oposição ou continuação (ou por ambas as coisas), todo o pensamento
contemporâneo.
O descrédito geral da especulação
filosófica subseqüente ao hegelianismo conduziu a atitudes relativistas e
céticas contra as quais se levantou também a filosofia. Este enfrentamento com
o relativismo e o ceticismo tornou-se patente a partir de diferentes posições,
tanto na fenomenologia de Husserl (intento de fazer da filosofia uma ciência de
rigor), como nas investigações acerca da vida e da história levadas a cabo por
Dilthey e Ortega y Gasset. Estes dois filósofos pretendem compreender a vida e
a história com base em categorias especifica rigorosas.
Talvez a característica externa mais
saliente da filosofia contemporânea seja a disparidade de enfoques, sistemas e
escolas, face ao desenvolvimento, de certo modo mais uniforme e linear, da
filosofia moderna (racionalismo, empirismo, Kant, idealismo hegeliano). Para
esta proliferação de pontos de vista e de escolas, contribuíram, em grande
medida, fatores sócio-culturais, como: a crise contemporânea dos sistemas
políticos, o avanço espetacular das ciências naturais e lógico-formais e o
desenvolvimento das ciências humanas, cujos métodos e resultados tiveram
repercussões e conseqüências de interesse no campo e nos problemas da filosofia
(psicanálise, estruturalismo). A Concepção de verdade, há várias perguntas
filosoficamente relevantes que se pode fazer a respeito da verdade e há mais de
uma resposta a cada uma delas na história da filosofia, embora algumas
predominem.